Colégio Rômulo Galvão leva único projeto baiano à Mostra

6ª Mostra Nacional de Feiras de Ciências recebe, entre 21 e 24 de outubro, em Brasília, o único projeto representante da Bahia: a pesquisa “Cidadão Planetário: Conhecendo e Conservando a Caatinga”, conduzida por quatro alunas do Colégio Estadual do Campo Rômulo Galvão de Tempo Integral, localizado em Caldeirão Grande. O evento integra a 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e reúne trabalhos de todas as regiões do país com foco em inovação, pesquisa e protagonismo estudantil na educação básica.
O Colégio Rômulo Galvão conquistou a vaga nacional após etapa classificatória em feiras regionais de ciência e tecnologia. A escola de tempo integral se destaca por articular currículo técnico em administração com projetos de iniciação científica voltados ao território do semiárido. Ao ser o único selecionado do estado, o grupo eleva a visibilidade da rede pública baiana e reforça a importância da interiorização de oportunidades acadêmicas. Para o MCTI, a iniciativa amplia a diversidade geográfica do evento e adiciona ao debate científico a perspectiva do Nordeste sobre conservação ambiental.
Desenvolvido pelas estudantes Renata Bezerra Cajado, Maria Eduarda Santos Gonçalves, Laís Araújo Silva e Thays Santos Fagundes Melo, o trabalho investiga estratégias de preservação da Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro que cobre cerca de 10% do território nacional. A pesquisa reúne levantamento de espécies endêmicas, análise de impacto de práticas agrícolas e propostas de educação ambiental para comunidades rurais de Caldeirão Grande. Sob orientação da professora Nádja Cajado da Silva, as alunas utilizam metodologia interdisciplinar que combina observação de campo, estatística e produção de material didático, buscando difundir conhecimento científico em linguagem acessível.
A docente responsável atribui o resultado à cultura de pesquisa cultivada na escola. Segundo ela, a seleção em Brasília representa “a materialização de um ciclo de aprendizagem colaborativa” iniciado ainda no ensino fundamental. O reconhecimento nacional, afirma, confirma a eficácia de incentivar autonomia estudantil na formulação de hipóteses e no delineamento de experimentos. A professora destaca que, mais do que expor resultados, a experiência fortalece competências socioemocionais, como trabalho em equipe, comunicação e pensamento crítico, essenciais para carreiras científicas.
Os custos da viagem à capital federal foram cobertos em duas frentes. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação financiou integralmente passagens, hospedagem e alimentação da orientadora e de uma das discentes. Para assegurar a presença de mais uma integrante do grupo, o Colégio Rômulo Galvão, com apoio da Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC), arcou com as despesas adicionais. A ação conjunta evidencia o compromisso institucional em garantir que estudantes de escolas do campo tenham acesso às mesmas oportunidades de visibilidade que colegas de grandes centros urbanos.
Aos 16 anos, Maria Eduarda Santos Gonçalves, aluna da 1ª série do curso técnico em administração, avalia a participação como “transformadora”, pois reforça a necessidade de valorizar um bioma frequentemente subestimado no debate ambiental brasileiro. A jovem relata que, ao pesquisar a Caatinga, compreendeu a complexidade ecológica e a resistência das espécies adaptadas ao semiárido. O sentimento de pertencimento ao território, afirma, aumenta o engajamento comunitário na defesa da vegetação nativa e no combate à desertificação.
Durante a programação em Brasília, as estudantes apresentam pôsteres científicos, participam de oficinas de metodologias inovadoras e trocam experiências com jovens de outros estados. A agenda inclui rodas de conversa com pesquisadores do MCTI, visitas a museus interativos e exposições de equipamentos tecnológicos. Essas atividades buscam ampliar repertório teórico e prático, além de fomentar redes de colaboração interestaduais que podem resultar em projetos conjuntos ou mentorias futuras.
A trajetória do “Cidadão Planetário” acumulou visibilidade antes da mostra nacional. O trabalho foi exposto na Feira Internacional de Inovação, Ciência e Tecnologia (Feincyt), no México, onde recebeu menção honrosa por relevância socioambiental. Em 2025, integrou a lista dos 19 projetos-destaque do Encontro STEAM + Instituto Anísio Teixeira (IAT), núcleo de formação docente da SEC. Esses reconhecimentos consolidam o Colégio Rômulo Galvão como referência na promoção de educação científica em contextos rurais e fortalecem a autoridade do grupo em temáticas de conservação da Caatinga.
O bioma, presente em nove estados do Nordeste e no norte de Minas Gerais, abriga mais de 900 espécies de plantas e 600 de vertebrados, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente. Apesar da importância ecológica e cultural, enfrenta taxas de desmatamento que superam 40% da área original. Iniciativas escolares como a do Colégio Rômulo Galvão contribuem para reverter esse quadro ao disseminar informações atualizadas e fomentar práticas sustentáveis entre produtores rurais locais.
A presença na 6ª Mostra Nacional de Feiras de Ciências encerra um ciclo e abre novos horizontes para a equipe baiana. A partir da visibilidade alcançada, o grupo pretende consolidar parcerias com universidades e organizações não governamentais especializadas em pesquisa de Caatinga, visando ampliar o mapeamento de espécies e desenvolver tecnologias sociais adaptadas ao clima semiárido. A meta de longo prazo é transformar o projeto em programa permanente de extensão, capaz de envolver outras escolas do interior da Bahia e influenciar políticas públicas de conservação.
Crédito Foto: Nádja Cajado
Fonte das informações: Ascom/SEC