Estudantes da rede estadual da Bahia exibem projetos no Mundial de Ciências 2025 no Chile

Estudantes da rede estadual da Bahia defendem, até sábado (18), três projetos de iniciação científica no Mundial de Ciências e Tecnologias 2025, realizado em Valparaíso, Chile, com participação financiada pela Secretaria da Educação do Estado (SEC) por meio de edital público.
O grupo é composto por oito alunos de três unidades de ensino. Do Centro Juvenil de Ciência e Cultura de Salvador, a discente Giovana Fiuza lidera o trabalho “Cura natural: preservação das plantas africanas com propriedades medicinais no Brasil”, em cooperação com as colegas Yasmim Viana e Eduarda Marques. No Colégio Estadual de Tempo Integral Rui Barbosa, em Boninal, Daniel Santana apresenta o estudo “Diversidade étnico-racial para uma educação antirracista, decolonial e intercultural”. A delegação se completa com Israiany Andrinyelle Silva e Lucas Santos, do Colégio Estadual Professora Nilde Maria Monteiro Xavier, em Palmeiras, autores do experimento “Aromas da Chapada – sabão artesanal”.
A participação foi viabilizada pelo edital SEC Nº 05/2025, que cobre passagens aéreas, hospedagem, alimentação e materiais de divulgação para estudantes e professores orientadores. Segundo a autarquia, o objetivo é garantir que projetos concebidos em salas de aula da rede pública possam circular em mostras nacionais e internacionais, atraindo parcerias acadêmicas e oportunidades de investimento. O Mundial de Ciências e Tecnologias contabiliza delegações de 25 países neste ano, com cerca de mil trabalhos inscritos.
Na apresentação sobre fitoterapia, Giovana Fiuza descreve o mapeamento de 15 espécies de origem africana cultivadas em quintais urbanos de Salvador, registrando princípios ativos usados historicamente em comunidades quilombolas. A equipe realizou coleta botânica, secagem em estufa a 45 °C e análise fitoquímica preliminar na Universidade Federal da Bahia. “Queremos propor diretrizes de manejo que evitem a extinção dessas plantas e valorizem saberes tradicionais”, resume a estudante.
O viés antropológico surge no projeto de Daniel Santana, que investiga percepções raciais de 200 alunos do ensino médio em Boninal. Aplicou-se questionário estruturado, validado pelo Instituto Anísio Teixeira, para mensurar conceitos de identidade, pertencimento e discriminação. O roteiro das oficinas de formação antirracista elaboradas pelo grupo foi compartilhado durante o evento como material aberto para outras escolas. Daniel Santana sustenta que a metodologia promove respectivo desempenho acadêmico ao reduzir casos de violência simbólica em sala de aula.
Já o estudo “Aromas da Chapada” busca alternativas sustentáveis para gerar renda em comunidades rurais de Palmeiras. Os alunos Israiany Andrinyelle e Lucas Santos desenvolveram barras de sabão artesanal com extratos de alecrim, lavanda e folhas de mangaba coletadas na Chapada Diamantina. Ensaios de pH e teste de estabilidade indicaram conformidade com normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A dupla negociou acordo de incubação com a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia para ampliar a produção piloto, caso obtenha reconhecimento internacional.
A professora Laíse Brandão, orientadora de “Cura natural”, destaca que a exposição em Valparaíso funciona como validação externa dos dados coletados. “A banca avaliadora enfatizou a solidez dos protocolos laboratoriais; isso eleva nossa responsabilidade na etapa de publicação em revista indexada”, afirma. Na mesma linha, Naiara Chaves, que orienta o projeto sobre diversidade, relata que quatro universidades chilenas solicitaram acesso à metodologia para adaptar a pesquisa a contextos locais.
A SEC informa que o investimento total na delegação alcança R$ 96 mil, contemplando oito bolsas de mobilidade. De acordo com a superintendente de Políticas para Educação Básica, o retorno esperado inclui citabilidade das escolas baianas em periódicos científicos e a criação de redes de pesquisa transnacionais. O edital 2026, já em fase de elaboração, prevê ampliação de vagas para projetos das áreas de robótica educacional, energias renováveis e segurança alimentar.
Encerrado o cronograma de apresentações, os estudantes participarão de sessões de feedback promovidas pelo comitê científico do evento e de visitas técnicas à Pontifícia Universidade Católica de Valparaíso. Objetiva-se firmar memorandos de entendimento que possibilitem intercâmbios futuros e coorientação de TCCs. A cerimônia de premiação, marcada para as 19h de sábado, anunciará os projetos vencedores em dez categorias, entre elas Inovação Social, Engenharia Júnior e Sustentabilidade. A delegação baiana retorna ao Brasil na segunda-feira (20) e divulgará os próximos passos dos estudos em coletiva organizada pela SEC.
Crédito Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Fonte das informações: Ascom/SEC