Embasa detalha desafios da comunicação a estagiários da Secom

Uma turma de estagiários do Programa Partiu Estágio, lotados na Secretaria de Comunicação do Estado, passou a tarde de 4 de setembro conhecendo a engrenagem de comunicação da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa). Durante a visita, conduzida na sede da companhia, os alunos ouviram de três gerentes de área como a estatal transforma operações técnicas em informação compreensível, lida com crises de abastecimento e humaniza o diálogo digital. O encontro colocou frente a frente futuros comunicadores públicos e profissionais que lidam diariamente com a tarefa de explicar, de modo claro e transparente, serviços que costumam ficar nos bastidores do cotidiano.
O primeiro bloco da conversa foi conduzido pela jornalista Sílvia Noronha, gerente de Comunicação Externa. Ela descreveu sua rotina como uma ponte entre engenheiros, operadores de rede e redações de imprensa. “Traduzir o linguajar técnico é essencial para que o cidadão entenda o que acontece do lado de cá dos canos”, afirmou, explicando que relatórios de manutenção, etapas de captação e dados de tratamento precisam virar narrativas acessíveis antes de chegarem ao público. Segundo a gestora, esse trabalho também inclui alinhar respostas em tempo real quando problemas operacionais afetam bairros inteiros, tarefa que exige precisão e rapidez para preservar a confiança social.
Sílvia reforçou que grande parte das ações de saneamento é invisível à população: estações de tratamento operam 24 horas, equipes substituem redes subterrâneas e análises laboratoriais correm paralelamente ao consumo diário. “A água que abastece cada residência não é mineral, é fruto de um processo complexo que precisa ser evidenciado”, disse. Para ela, tornar visível o que costuma passar despercebido tem valor pedagógico e estratégico: amplia a percepção de qualidade do serviço e reduz ruídos quando emergências obrigam interrupções pontuais. A gerente salientou ainda que, em redes sociais, a Embasa procura equilibrar dados técnicos com linguagem humanizada para não afastar o público leigo.
Na sequência, a gerente de Comunicação Integrada, Mariana Paranhos, revisitou momentos em que a estatal precisou suspender temporariamente o fornecimento para realizar intervenções estruturais. De acordo com a executiva, a companhia já enfrentou cenários de forte desgaste reputacional nesses episódios, muitas vezes por falta de explicação didática sobre prazos e motivos da suspensão. O ponto de virada, relatou ela, ocorreu quando a empresa decidiu “colocar a cara” nas plataformas digitais: lives em tempo real, stories nos quais técnicos apareciam dentro das estações e posts que mostravam colaboradores de campo reduziram a distância entre serviço público e usuário.
Mariana revelou que o novo posicionamento no Instagram resultou em ganhos internos e externos. Entre os empregados, surgiu um sentimento de pertencimento ao ver colegas representados nos conteúdos. Entre consumidores, a reação foi empatia. “Quando humanizamos a marca, conseguimos converter críticas em entendimento e, em muitos casos, em apoio”, disse. A gerente lembrou que, durante um reparo emergencial recente, a postagem que mostrava a válvula defeituosa somou milhares de interações e perguntas respondidas em tempo real, evitando a proliferação de boatos em aplicativos de mensagem.
A gerente de Comunicação Institucional Luana Nunes agregou que a Embasa mantém um calendário editorial que alia campanhas educativas sobre consumo consciente a alertas de obras programadas. Segundo ela, o planejamento de conteúdo parte de análise de dados de atendimento telefônico e relatórios da Ouvidoria, permitindo mapear temas de maior interesse e ajustar mensagens para públicos específicos. Luana destacou que o trabalho conjunto com os setores técnico e jurídico garante coerência entre as informações divulgadas e as obrigações contratuais da empresa.
Além do debate, os visitantes percorreram corredores onde painéis exibem fluxos de captação, filtração e distribuição, guiados pelo assistente de Saneamento Adriano Braga. No laboratório de controle de qualidade, viram amostras coletadas em diferentes pontos da rede e ouviram explicações sobre parâmetros físico-químicos exigidos pela legislação. Ao final do tour, os estudantes receberam kits institucionais — squeeze, caderno e folheto sobre uso racional da água —, material que, segundo os anfitriões, reforça a missão educativa da companhia.
Para os estagiários, a imersão serviu como estudo de caso de comunicação pública em larga escala. Muitos relataram surpresa com a complexidade dos fluxos internos e a pressão por rápidas decisões de mídia. A equipe da Secretaria de Comunicação pretende usar os aprendizados na produção de conteúdos orientados ao cidadão nas próximas campanhas estaduais. Já a Embasa avaliou que o intercâmbio ajuda a disseminar boas práticas e a atrair novos talentos para o serviço público de saneamento.
O encontro integrou a programação semestral do Partiu Estágio, iniciativa que aloca universitários da rede pública e privada em órgãos estaduais. Para a coordenação do programa, visitas técnicas como a realizada nesta quinta-feira ampliam a formação prática dos alunos e aproximam a academia das necessidades reais do Estado. A Embasa, por sua vez, sinalizou interesse em manter a agenda aberta para futuras turmas, apostando na multiplicação de conteúdos claros e responsáveis sobre serviços essenciais.
No balanço final, a tarde serviu para ilustrar como a comunicação, quando alinhada a dados confiáveis e linguagem acessível, consegue reduzir a distância entre operação complexa e percepção pública. Aos estagiários, ficou a mensagem de que as redes sociais podem ser aliadas poderosas — desde que sustentadas por transparência, agilidade e entendimento profundo do serviço prestado.
Crédito Foto: Raquel Porto
Fonte das informações: SECOM – Secretaria de Comunicação Social