Oxe, me respeite alcança 300 escolas e recebe delegação

Colégio Estadual Góes Calmon abriu as portas nesta sexta-feira (12) para especialistas do Oversight Advisory Committee (OAC), grupo ligado ao Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), que veio verificar de perto o projeto “Oxe, me respeite – nas escolas”. A iniciativa, operada pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Bahia (SPM) e parceiros, já está implantada em 300 unidades de ensino da rede estadual, espalhadas por 150 municípios e dez Territórios de Identidade, com meta de alcançar 15 mil estudantes.
Formada por integrantes de diferentes países, a delegação conheceu salas, conversou com turmas e ouviu gestores sobre os impactos do programa. Estiveram presentes a representante do Unfpa no Brasil, Florbela Fernandes, a presidente do OAC, Kumiko Matsuura, além de Rocío Galiano Mares, chefe do escritório do Unfpa no Paraguai, e Michele Dantas, que dirige o escritório do Unfpa na Bahia. O grupo avaliou metodologias, resultados preliminares e a possibilidade de replicar o modelo em outros contextos latino-americanos.
Lançado para fortalecer a formação cidadã de adolescentes, o “Oxe, me respeite” centra esforços na prevenção e no enfrentamento às violências de gênero e raça. Segundo a coordenação, oficinas, círculos de leitura e exposições literárias funcionam como gatilhos para discussões sobre desigualdade, evasão escolar e direitos humanos. Camilla Batista, superintendente de Prevenção à Violência contra a Mulher da SPM, frisou que o projeto articula Saúde, Educação e Direitos Humanos, tornando-se “o coração” das ações governamentais voltadas à juventude.
Na execução cotidiana, a iniciativa reúne a SPM, a Secretaria da Educação do Estado (SEC), a Universidade Federal da Bahia (Ufba) e o Unfpa. Esses órgãos definem cronogramas, capacitam docentes e monitoram indicadores. Batista destacou que a parceria intersetorial “enfrenta as raízes do patriarcado” e consolida uma cultura escolar baseada em respeito e equidade. O acompanhamento sistemático, afirmou, é crucial para manter o engajamento de professores e estudantes e garantir que o conteúdo dialogue com realidades locais.
Responsável pelo acompanhamento pedagógico no Góes Calmon, a educadora Carla Pita explicou que os próprios jovens conduzem parte das atividades. “Formamos um itinerário educativo com oficinas sobre gênero, raça e etnia. Os estudantes tornam-se lideranças orgânicas e mobilizam toda a comunidade escolar”, relatou. Entre as dinâmicas, destacam-se práticas lúdicas que estimulam empatia e o reconhecimento de desigualdades estruturais que interferem no desempenho escolar.
Alunos confirmam o efeito prático das discussões. Para Francisco Yure Cruz, 17 anos, o programa “ajuda a compreender realidades além da nossa bolha” e incentiva a convivência respeitosa. A colega Eduarda Oliveira, também de 17 anos, citou temas como rivalidade feminina, feminicídio, sororidade e racismo, pouco presentes no currículo tradicional. “Essas conversas nos fazem refletir sobre violências que atravessam nossas vidas e pensar em alternativas para transformá-las”, afirmou.
Encerrando a visita, Florbela Fernandes classificou o trabalho baiano como potencial inspiração internacional. A representante do Unfpa ressaltou que a proposta integra igualdade de gênero, saúde sexual e reprodutiva e prevenção à violência, colocando jovens como protagonistas na produção de conhecimento. O OAC planeja consolidar relatórios com boas práticas observadas em Salvador e encaminhar recomendações para que experiências semelhantes ganhem escala em outros países.
Com expansão prevista para os próximos semestres, o “Oxe, me respeite – nas escolas” pretende ampliar a rede de unidades participantes e reforçar formações temáticas para docentes. O objetivo, reafirmado pela SPM aos visitantes, é consolidar uma política educacional que, além de combater a violência, incentive o protagonismo juvenil e a construção de uma sociedade mais justa.
Crédito Foto: Ascom/SPM
Fonte das informações: SECOM – Secretaria de Comunicação Social