Operação Erva Afetiva mira influencer e quadrilha de maconha

Polícia Civil da Bahia mobilizou agentes nas primeiras horas desta quarta-feira (22) para cumprir mandados de prisão temporária e de busca e apreensão em quatro cidades da Bahia e de São Paulo, com o objetivo de desarticular um esquema de tráfico interestadual de maconha e lavagem de dinheiro que, segundo as investigações, tinha como rosto público uma influencer digital baiana.
Coordenada pelo Departamento Especializado de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) da Bahia, a Operação Erva Afetiva foi deflagrada simultaneamente em Salvador e Lauro de Freitas, na Região Metropolitana, além dos municípios paulistas de São Paulo e Araçatuba. As ordens judiciais foram expedidas após inquérito que detalhou a estrutura financeira e logística do grupo, responsável por abastecer pontos de venda na capital baiana com cargas remetidas de fornecedores localizados nos dois estados.
De acordo com o Denarc, a influencer utilizava perfis em redes sociais para fazer apologia ao consumo de entorpecentes, prática que a polícia aponta como estratégia de marketing para atrair compradores. As postagens, ainda conforme o inquérito, exibiam embalagens personalizadas de maconha, criavam códigos de comunicação com usuários e indicavam formas de entrega em domicílio. Com base nesses indícios, a Justiça autorizou a coleta de provas digitais, que reforçaram a suspeita de que a investigada também coordenava o armazenamento e a distribuição da droga.
Os investigadores afirmam que o grupo mantinha linhas de fornecimento paralelas: uma operada em território baiano, onde pequenas remessas eram adquiridas para reposição rápida, e outra articulada com traficantes de São Paulo, de onde partiam carregamentos de maior volume por via terrestre. Na etapa paulista da operação, equipes do Denarc da Polícia Civil local deram suporte às diligências, ampliando o cerco aos provedores da maconha e rastreando a rota financeira usada para a lavagem dos lucros.
Além das prisões temporárias, foram apreendidos celulares, computadores, comprovantes bancários e documentos que, segundo os delegados responsáveis, devem fortalecer a linha investigativa sobre ocultação de patrimônio. A corporação aponta que parte do dinheiro obtido com a venda da droga era redirecionada para a compra de bens em nome de terceiros, além de investimentos em criptoativos, estratégia que visava dificultar o rastreamento dos valores.
Os mandados em Salvador se concentraram em bairros onde a influencer mantinha residências e pontos de armazenamento. Em Lauro de Freitas, os policiais vasculharam imóveis usados como depósitos temporários. Já em Araçatuba, o foco recaiu sobre um suspeito identificado como elo logístico entre produtores de maconha do interior paulista e o mercado consumidor baiano. A operação contou com o uso de cães farejadores e de softwares de análise financeira para mapear transações suspeitas.
Segundo o Denarc, o próximo passo é mensurar o volume total de droga movimentado e calcular o fluxo de capitais gerado pela organização criminosa. A polícia estuda ainda a possibilidade de solicitar o sequestro de bens da influencer e de outros membros da quadrilha, medida que depende da conclusão da perícia nos materiais apreendidos. Caso as suspeitas sejam confirmadas, os investigados poderão responder por tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro, crimes cuja soma de penas pode ultrapassar 25 anos de reclusão.
Até o fechamento desta reportagem, a identidade da influencer não havia sido divulgada oficialmente, pois o inquérito permanece sob sigilo para preservar a coleta de provas em andamento. A Polícia Civil informou que novas fases da Operação Erva Afetiva não estão descartadas e que outras pessoas podem ser indiciadas à medida que forem analisados os dados obtidos nos mandados de busca.
Crédito Foto: Divulgação/Ascom PC
Fonte das informações: Ascom PC