Bahia detém 94,5% do sisal e lança estratégia de expansão

Bahia reuniu produtores, sindicatos, prefeituras e órgãos federais nesta segunda-feira (1º) para alinhar um plano de modernização da cadeia do sisal, atividade na qual o estado responde por 94,5% da produção brasileira, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O encontro ocorreu durante a 5ª Reunião Ordinária da Câmara Setorial do Sisal, coordenada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri). Sob a liderança do titular da pasta, Pablo Barrozo, o colegiado definiu prioridades que incluem ganho de produtividade, abertura de novos mercados e fortalecimento de políticas públicas para estabilizar preços, meta considerada essencial para manter a competitividade no semiárido.
Barrozo enfatizou que o fórum setorial opera como ponte entre governo, classe produtiva e indústria. De acordo com o secretário, a execução de projetos em parceria com prefeituras, sindicatos rurais, Conab e Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb) busca “fortalecer quem está na ponta” e sustentar a liderança nacional. O dirigente afirmou que a meta é consolidar a Bahia como “referência global” em fibras de sisal, posicionando o produto como alternativa sustentável em mercados internacionais de têxteis, cordoaria e revestimentos.
O presidente da Câmara e dirigente do Sindicato Rural de Conceição do Coité, professor Rafael Mota, avaliou que a articulação entre os diversos elos da cadeia permite abordar passado, presente e futuro do cultivo. Ele ressaltou que projetos de mecanização e de assistência técnica em larga escala serão encaminhados aos ministérios competentes ainda neste semestre, com foco na redução de custos e na agregação de valor à fibra antes da exportação.
Representando a Conab, o superintendente regional Emanuel Carneiro reiterou o compromisso da estatal em fornecer estatísticas e instrumentos de proteção de renda ao produtor. Ele lembrou que a Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) já é aplicada ao sisal, assegurando remuneração estável em períodos de desvalorização. A continuidade do mecanismo foi apontada como alicerce para expandir plantios, sobretudo em municípios onde as precipitações anuais ficam abaixo de 400 milímetros.
Dados apresentados na reunião confirmam a relevância socioeconômica do cultivo. A região sisaleira abrange 20 municípios distribuídos em 21.256,50 km². A cultura mantém milhares de famílias no campo em áreas de baixa pluviometria, movimentando empregos diretos e indiretos na extração, beneficiamento e logística. Para o Governo do Estado, o avanço tecnológico — especialmente em sistemas de decorticação e uso integral da planta — pode gerar salto de produtividade estimado em 30% até 2027.
No cenário externo, o Brasil enviou fibras e derivados a 72 países em 2023. A China ficou com 56% das compras, seguida pelos Estados Unidos (19,5%), Portugal (6%), México (2%) e Canadá (1,9%). Entre os itens mais embarcados estão fibras têxteis brutas, cordéis agrícolas, fios industriais, cordas náuticas, tapetes e revestimentos internos. O grupo de trabalho da Câmara decidiu intensificar promoção comercial em feiras de bioeconomia para alcançar compradores na Europa e na Ásia interessados em materiais de baixo impacto ambiental.
Além de Seagri e Conab, integram a Câmara Setorial representantes da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Agência Estadual de Defesa Agropecuária (Adab), Centro Tecnológico Agropecuário da Bahia, sindicatos rurais, consórcios intermunicipais e empresas de processamento. A composição multi-institucional foi destacada pelos participantes como diferencial para transformar estudos técnicos em ações de campo, como linhas de crédito específicas para renovação de palmares e aquisição de equipamentos de fio torcido.
Os encaminhamentos aprovados preveem, ainda, a elaboração de um cronograma de capacitações sobre conservação de solo, manejo pós-colheita e certificações internacionais. A Seagri assumiu a tarefa de centralizar dados de produtividade, custos e demandas de mercado em uma plataforma digital acessível aos produtores. O calendário de reuniões itinerantes da Câmara será mantido trimestralmente para monitorar metas e ajustar estratégias frente às variações climáticas e cambiais.
Com a homologação dessas diretrizes, o setor pretende consolidar a Bahia como polo de inovação em fibras naturais e ampliar a fatia brasileira no comércio global de sisal. Para os agricultores familiares do semiárido, a expectativa é de incremento na renda e redução das oscilações de preço, fortalecendo a permanência no campo e o desenvolvimento regional.
Crédito Foto: Ascom/Seagri
Fonte das informações: SECOM – Secretaria de Comunicação Social