SABE EJA 2024/2025 revela desafios e avanços da EJA na Bahia

SALVADOR reúne, nesta quinta-feira (24), cerca de 250 gestores, professores e pesquisadores para examinar os resultados inéditos do SABE EJA 2024/2025, avaliação externa que mensurou o desempenho de turmas da Educação de Jovens e Adultos na rede estadual da Bahia. Realizado no Hotel Fiesta, o seminário apresenta dados que, segundo a Secretaria da Educação, servirão de base para decisões pedagógicas dirigidas a estudantes que retomam a escolaridade fora da idade regular.
Ao longo do dia, participantes analisam métricas obtidas entre novembro de 2024 e maio de 2025, período em que a prova foi aplicada em escolas localizadas nos municípios-sede dos Núcleos Territoriais de Educação (NTEs). A amostra contemplou as etapas V, VI e VII da EJA, equivalentes aos anos finais do Ensino Fundamental e ao Ensino Médio, permitindo um retrato comparável do nível de aprendizagem em Língua Portuguesa e Matemática. Responsáveis pela coleta dos dados afirmam que o levantamento oferece evidências objetivas para ajustar currículos e reduzir a defasagem idade-série.
A secretária da Educação, Rowenna Brito, destacou que o diagnóstico reforça o compromisso do governo com a inclusão escolar. Em pronunciamento, ela lembrou que o direito à educação é permanente e defendeu programas de formação para docentes que atuam com turmas multietárias. Para a gestora, conhecer a realidade de cada território é condição para assegurar planejamento, material didático adequado e condições de permanência para jovens e adultos que conciliam estudo, trabalho e responsabilidades familiares.
A programação do encontro foi estruturada em mesas temáticas. Na primeira, técnicos detalharam a metodologia de amostragem do SABE, explicando critérios de seleção das unidades, procedimentos de aplicação e parâmetros de correção. Na sequência, pesquisadores exibiram painéis que cruzam desempenho com recortes de raça, cor e gênero, evidenciando discrepâncias internas entre grupos demográficos. Outros debates abordam frequência, evasão e trajetórias escolares, fornecendo subsídios para políticas de busca ativa e para a ampliação da oferta noturna, considerada estratégica na EJA.
Entre os momentos culturais, o grupo de dança do Projeto Africanidades, do Colégio Estadual do Stiep Carlos Marighella, subiu ao palco na abertura da manhã, ressaltando a identidade afro-baiana e reforçando o vínculo da escola com expressões artísticas locais. A apresentação foi citada pelos organizadores como exemplo de práticas pedagógicas integradas que valorizam o repertório dos estudantes, um dos pontos analisados nas mesas sobre currículo contextualizado.
A Fundação Getulio Vargas participa do processo desde a concepção da avaliação. A coordenadora de Projetos em Avaliação Educacional, Tânia Cristina Azevedo, afirmou que esta é a primeira iniciativa em larga escala dedicada exclusivamente à EJA na Bahia e relatou desafios logísticos específicos, como a aplicação em turmas noturnas e a necessidade de versões diferenciadas dos instrumentos para atender perfis etários variados. Ela salientou que a parceria com a SEC fortalece a confiabilidade estatística dos resultados e amplia a capacidade de monitoramento do sistema.
Na etapa de análises, gestores dos 27 NTEs comentam as planilhas de desempenho recebidas. O coordenador da Educação para Jovens e Adultos, Alexandro Batista, observou que a leitura dos dados precisa ser combinada com indicadores socioeconômicos para orientar intervenções focadas em alfabetização, letramento matemático e apoio psicossocial. Ele frisou que a EJA opera como política de reparação histórica, oferecendo cidadania a quem não concluiu estudos na idade apropriada, e que decisões baseadas em evidências reduzem desperdício de recursos e ampliam impacto.
Representando o interior, a diretora do NTE 5 (Itabuna), Larissa Mello, avaliou que o seminário permite dimensionar lacunas específicas de territórios com alto índice de vulnerabilidade e evasão. Segundo ela, o acesso a relatórios desagregados por escola facilita o planejamento de ações como turmas modulares, itinerância de professores e parcerias com secretarias municipais para transporte escolar. Mello adiantou que os gestores deverão retornar aos seus municípios com metas pactuadas de melhoria, alinhadas à próxima rodada de monitoramento.
O cronograma divulgado pela SEC prevê que, até o fim de 2025, equipes pedagógicas de todas as escolas envolvidas recebam orientações detalhadas para elaboração de planos de recomposição de aprendizagem. A pasta avalia distribuir material didático complementar e promover formações continuadas inspiradas nas lições do SABE EJA 2024/2025. Paralelamente, será elaborado protocolo de avaliação periódica para acompanhar, semestralmente, o progresso das turmas e ajustar metas, garantindo que o ciclo de diagnose, intervenção e verificação se consolide como rotina da Educação de Jovens e Adultos na Bahia.
Crédito Foto: André Fofano/Ascom SEC
Fonte das informações: SECOM – Secretaria de Comunicação Social / Ascom SEC





